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Por Maria Moura e Romário Mendes
A empresa de consórcios “EletroMais” pode ter dado um calote inédito em centenas de pessoas de Picos e região. Desde o final da última semana, quando a fraude foi descoberta, centenas de pessoas já procuraram a Delegacia Regional da Polícia Civil para registrar boletins de ocorrência contra a empresa.
O sonho de ter um transporte próprio se transformou em um pesadelo quando clientes contemplados em sorteio passaram a não receber os bens estimados em contrato. Em alguns casos, o gerente da empresa propunha um prazo de até 60 dias para entrega de motos aos consorciados. Aos poucos, os prazos passaram a não ser cumpridos.
A empresa também prometia entregar o veículo quitado tão logo o cliente fosse sorteado. A novidade atraiu inicialmente centenas de picoenses e arrebatou clientes em toda a região.
A dona de casa Edilene Rodrigues, vítima do calote, registrou boletim de ocorrência nesta quarta-feira (24). Ela afirma que a promessa de ter uma moto pagando pouco era o diferencial da “EletroMais”. “Tinha muita gente que já tinha recebido [a moto], inclusive uma pessoa da minha família, que foi contemplada com duas parcelas e já recebeu a moto paga”.
A dona de casa que teve um prejuízo de mais de mil reais desabafa: “Eu me senti uma palhaça. Você nunca imagina que vai acontecer com você, você só imagina que vai acontecer com outros”.
Revolta
Outra vítima é o mototaxista picoense Vasco Alves. “O sentimento é de revolta e tristeza. A gente batalha o dia-a-dia, às vezes tira o dinheiro de outras coisas pra nunca atrasar uma parcela, e no final acontece uma coisa dessas”, lamenta.
Vasco chegou a pagar 47 parcelas de R$ 209, seu plano previa uma moto Honda 150 FAN. O prejuízo calculado pelo mototaxista é de quase R$ 10 mil.
O comerciante Josinaldo Almeida ainda chegou a ser alertado por um funcionário que dizia que aquilo – a compra premiada – ainda iria dar problema, mas acabou ignorando os alertas e teve um prejuízo de mais de R$ 8 mil. “Cheguei ao ponto de conversar com o gerente e falei que iria quitar a moto. Ele falou que mesmo que eu quitasse, só receberia [o veículo] após 60 dias. Depois disso comecei a ficar desconfiado”, conta.
O comerciante ficou sabendo do golpe da empresa em outros clientes através dos alertas espalhados no facebook. “Eu espero que a polícia faça o trabalho dela e investigue porque isso é um calote de grande proporção, têm muitos pais de família lesado, e espero que o Ministério Público faça o mesmo que fez com o ‘Casal Styllos’”.
Josinaldo ainda relata que em Bertolínia há pessoas na mesma situação, vítimas da compra premiada.
Para a dona de casa Edilene Rodrigues, o golpe trás uma única lição: “Você nunca deve trocar o certo pelo duvidoso, e é isso o que eu vou fazer daqui pra frente”.
Investigação
Nossa equipe procurou o delegado regional da Polícia Civil em Picos, Gilberto Franklin, que preferiu não prestar qualquer esclarecimento sobre o caso. O inquérito que investiga o golpe está sendo conduzido pelo delegado do 1º DP de Picos, Divanilson Sena, que não foi encontrado.
A empresa
A empresa está com suas sedes em Picos fechadas desde que os casos de consorciados sorteados que não recebiam as motos começaram a se multiplicar. Os proprietários estão desaparecidos.
A Eletromais atua há anos no Piauí e tem lojas espalhadas pela cidade de Picos, Arraial, Marcos Parente, Bertolícia, Amarante, Guadalupe, Floriano e Palmeirais. As duas lojas de Picos – localizadas na Avenida Piauí, bairro Junco, e Avenida Deputado Sá Urtiga, bairro Bomba, esta última inaugurada em outubro de 2011 – estão com os portões fechados.
Além de motos, a “EletroMais” também oferecia materiais de construção e eletrodomésticos.
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